Relações entre Espaço
Geográfico e Globalização
Proposta: compreender os mecanismos e
o funcionamento desta “nova” realidade geopolítica e geoeconômica e os seus
impactos sobre a produção e a distribuição da riqueza mundial.
Analisar a globalização e a multiplicação
das relações sociais, econômicas e políticas e suas manifestações nas
diferentes escalas geográficas (local/regional/nacional/global) através do
comércio, do transporte, das indústrias, das culturas, das políticas e dos conflitos.
Espaço geográfico: construção humana
sobre uma superfície natural transformada, dispostas para possibilitar a
constante interação dos homens entre si, logo é parte integrante da sociedade.
(F) a divisão do espaço
geográfico de nossos dias se baseia na produção para o lucro (espaço
capitalista) e na produção para o suprimento da sociedade (espaço socialista).
(F) o espaço geográfico
e fruto de processos naturais, aos quais a humanidade tem-se adaptado ao longo
de sua existência.
(V) o trabalho social
confere ao espaço geográfico um caráter essencialmente dinâmico.
(F) os geógrafos não
contribuem de forma alguma para a construção do espaço geográfico.
(F) o trabalho
realizado pelos homens é mais importante que aquele feito pelas mulheres na
produção do espaço geográfico.
(F) as formas criadas
no momento histórico atual ainda não constituem o espaço geográfico.
(F)
a humanidade não provoca problema ambiental, ao realizar o seu trabalho diário,
contribuindo para um desenvolvimento harmônico do espaço geográfico.
(V) ao observar as
cidades é mais fácil verificarmos como estão organizadas socialmente ou como se
distribui a renda entre seus habitantes, tornando visíveis na paisagem as
diferenças entre as classes sociais.
(F) temos, por exemplo,
as intervenções humanas no espaço natural, a fim de apropriar-se dos recursos
naturais para que toda a sociedade possa usufruir coletivamente.
(F) temos, por exemplo,
o atual modelo de desenvolvimento econômico que procura ampliar a participação
de organizações civis como as ONG`s nas decisões políticas econômicas.
(F) o espaço urbano é o
melhor exemplo, pois este representa a construção de uma paisagem onde todos os
indivíduos tiveram acesso à propriedade privada e usufruem de serviços
públicos, ao contrário do que ocorre no espaço natural.
(F) o exercício da cidadania
em organizações civis como as ONG`s procura substituir o Estado na organização
social e assim distribuir melhor o poder político entre os indivíduos.
Nação:
povo ou sociedade com traços culturais comuns. Possuem sentimento de
identidade. Não necessariamente possuem um território próprio e são regidos por
um Estado.
·
Povo
sem Estado ou que reivindica um Estado próprio: Os tibetanos na China, a
questão da Catalunha na Espanha, a população de origem francesa em Quebec no
Canadá, os curdos no Oriente Médio.
Estado:
conjunto das instituições que formam a organização político-administrativa de
um povo ou uma nação. É constituído de um governo, de um povo/nação e tem como
base um território.
Território:
“A partir do momento em que uma sociedade se organiza para defender um
território, transforma-se em Estado” Ratzel (1844 – 1904). É o recorte do
espaço geográfico sob o controle de um poder instituído – o Estado.
O Estado é o grande produtor do espaço
geográfico na sociedade moderna?
Globalização
Aceleração
do tempo: característica chave do processo da globalização.
Metáforas:
aldeia global, mundo único, nova ordem mundial ou nova desordem mundial, mundo
neocolonial, mundo sem fronteiras, a era da informação, meio técnico científico
informacional, atual fase da expansão capitalista, capitalismo informacional, o
ápice do processo de internacionalização do mundo capitalista e ocidentalização
do mundo. Portanto termo ambíguo e cheio de conatações, sujeito a manipulações
ideológicas[1].
Globalização - processo histórico. Surge
com as Grandes Navegações, iniciou da economia capitalista e seus aparatos
técnicos formando uma economia mundo.
Possibilitou
certos países a atuarem em escala global, expandindo sua força econômica,
através da acumulação primitiva, dos contatos e das trocas, (acesso a novos
bens e outras culturas).
Alguns
autores vão dizer que o capitalismo não passou por nenhuma transformação que
justifique a utilização de um conceito novo para substituir as velhas noções de
internacionalização do capital e do imperialismo, identificam nas técnicas de
informação o mecanismo criador de desigualdades, pois são utilizadas por um grupo
de atores em função de seus objetivos particulares. Assim, a periferia do
sistema capitalista acaba se tornando ainda mais periférica.
Porém,
o imperialismo/século XIX - período de expansão do capitalismo financeiro ficou
marcado pela necessidade de intervenção militar e de ocupação territorial.
Período
atual - a subjugação (dominação) se estabelece pelo domínio da ciência e da
técnica, da informação, do conhecimento e do capital. Os objetos técnicos
funcionam de forma sistêmica (formam sistemas técnicos que abarcam o planeta
inteiro, formando redes).
Se
acelerou muito no pós Segunda Guerra, permitindo a crescente aceleração de
fluxos e aproximação entre os lugares provocando mudanças econômicas, sociais,
culturais, políticas, mudando a percepção das pessoas e empresas em relação ao
espaço geográfico local e mundial.
Ideologia
da globalização: um embate comunicacional, uma tentativa de atribuição de
sentido na disputa de poder pelo controle dos aparatos técnicos que se dá entre:
·
setores
das sociedades em redes.
·
entre
Estados, com a liderança dos Estados Unidos.
·
e
entre empresas, sobretudo, as grandes corporações.
A
globalização foi produzida, sobretudo, nos Estados dos países desenvolvidos,
particularmente dentro de órgãos ligados ao governo dos EUA, e nos organismos
multilaterais tais como o Banco Mundial, o FMI e a OMC. Essas instituições são
controladas não só pelos países industrializados mais ricos do mundo, mas
também pelos interesses comerciais e financeiros desses países caracterizado
pelo oligopólio[2]
dos trustes (fusão de empresas) e cartéis (acordo comercial para controle de
preços e produção) das transnacionais.
Situação histórica do
século XX que levou a esse estágio capitalista – A Globalização
Primeira
metade do século XX:
·
conflitos
entre os Estados Imperialistas.
·
grave
depressão capitalista ao longo dos anos 1930[3].
·
o
capitalismo continuou se expandindo, em ritmo lento e desigual.
·
1945
a América é Imperial, contribui com potências arrasadas pela guerra.
Segunda
metade do século XX:
·
pós
Segunda Guerra, caracterizado pela Guerra Fria, o capitalismo se consolida
através dos grandes conglomerados multinacionais, responsáveis pela
mundialização da produção, sob a hegemonia dos EUA.
A Estrutura Industrial
O regime de acumulação fordista -
Regulado pelo keynesianismo
Até
a Primeira Guerra vigorou um regime de acumulação extensivo, assentado na
expansão das indústrias de bens de produção (bens intermediários, que servem para a produção de outros,
como matérias-primas), no qual a demanda para bens de consumo (os que atendem diretamente à demanda a
médio ou longo prazo) crescia muito lentamente.
Henry
Ford pôs em prática as teorizações de Frederick Taylor sobre a organização científica
do trabalho e do controle dos tempos de sua execução, uma nova revolução estava
por acontecer.
O
fordismo se espraiou pela indústria estadunidense, sua produtividade superou a
indústria europeia e japonesa, gerando uma demanda para os bens de consumo
provocando uma inadequação entre o regime de acumulação fordista que estava
nascendo e o modo de regulação concorrencial que já estava ultrapassado.
A
expansão rápida da produção em relação à demanda gerou uma crise de
superprodução, esta é uma das explicações para a crise de 1929. Crise que
acabou levando ao poder, em mais de um Estado, líderes nacionalistas radicais (nazifascismo),
trazendo consigo numerosos países em transformação e uma série de premissas
básicas em matéria de política interior.
Dentro
deste contexto de produção, tornou-se consenso entre governos e empresários dos
países industrializados, a começar pelos Estados Unidos, a adoção de políticas
econômicas keynesianas[4]. Trata-se de novas
práticas na relação Estado – capital – trabalho.
·
Estado
beneficiado com maiores receitas passou a ter papel fundamental.
·
trabalho
alienado - recompensa salarial.
·
consumo
e aumento do padrão de vida.
·
desemprego
quase residual.
·
ampliação
de mercados e para o capitalismo maiores lucros,
·
afugentou
o espectro do comunismo.
A
Grande depressão (1929 – 37) convencionou tanto para os políticos, como para a
população que o emprego e o bem estar social (welfare state – consolidado na
Europa Oc. e no Japão, nos EUA mais limitado devido à hegemonia do pensamento
liberal na sociedade estadunidense) eram o principal objetivo de um governo,
uma questão demasiada importante para deixar nas mãos do mercado privado.
Nesta
época o avanço industrial nos países da América Latina, entre eles o Brasil se caracterizou
predominantemente pela substituição da importação[5] de bens de consumo.
Para
viabilizar o regime de acumulação fordista nascente, calcado num aumento
constante da produtividade e da produção, era fundamental resolver a questão da
demanda e criar um novo compromisso social para viabilizar a expansão
capitalista sem o risco de uma nova crise.
Assim
o Keynesianismo vai se firmando como o novo modo de regulação:
·
crescentes
ganhos de produtividade dentro da indústria, graças às técnicas e métodos de
produção.
·
constante
aumento salarial.
·
incorporação
das massas trabalhadoras ao consumo.
O regulacionismo
fordista-keynesiano criou condições para o crescimento contínuo do capitalismo
no pós-Segunda Guerra, período que muitos denominam “os trinta anos gloriosos”,
época em que ocorreram os maiores avanços das conquistas sociais e trabalhistas
nos países industriais. Período de maior poder e organização dos sindicatos, o
capitalismo quase atingiu a utopia do pleno emprego. Importante destacar - os
privilegiados do sistema eram homens brancos, moradores dos países
desenvolvidos. Foi um período marcado por manifestações e descontentamentos.
A Conferência Financeira de Bretton
Woods[6]
(1944)
Criou
o arcabouço institucional necessário para garantir a estabilidade econômica
mundial, veiculado por instituições internacionais como FMI[7] (1945), o Banco Mundial, o
BIRD (Banco Internacional para reconstrução e desenvolvimento), a criação da
ONU, do Plano Marshall[8] para a reconstrução da
Europa e do plano MacArthur para a reconstrução japonesa e da Doutrina Truman
para conter o expansionismo soviético, tanto no plano econômico, como no plano
militar.
Os
órgãos criados nesta conferencia não tinham e não tem autoridade para julgar e
prender autoridades que cometam crimes financeiros.
Esses
planos estadunidenses evidenciavam:
·
a
interdependência da economia mundial.
·
a
competição entre as multinacionais estadunidenses, japonesas e europeias.
·
um
vigoroso motor do crescimento capitalista e do avanço tecnológico ocorrido no
período.
Assim
o processo de industrialização tardia verificado após a Segunda Guerra Mundial
promoveu uma articulação produtiva entre núcleos de países centrais e de países
pobres.
Período de Crise
A
partir de 1967, começaram a se evidenciar sinais indicativos de uma crise que
afetaria o dinamismo do processo de produção e acumulação do pós-guerra.
Em meados
dos anos 1970 o esgotamento do sistema produtivo fordista-keynesiano (forte
intervenção do Estado na economia e a existência de uma densa rede de proteção
social aos trabalhadores – welfare state), entrou em crise, sobretudo, pelas
dificuldades de se manter um aumento constante da produtividade, as economias
dos países desenvolvidos entraram em crise (estrutural do capitalismo) e
passaram a adotar políticas de contenção da inflação com o intuito de superar
as contradições deste regime.
Problemas
estruturais da economia estadunidense e de outros países desenvolvidos:
·
perda
de competitividade.
·
elevação
das taxas de desemprego.
·
elevação
do déficit público e da dívida interna.
·
da
desvalorização do dólar e da produção industrial.
·
da
alta da inflação e do enfraquecimento relativo frente à Europa Ocidental e ao
Japão.
·
a
alta do preço da fonte principal de energia, o petróleo, um agravante no
processo inflacionário.
Décadas
de 1970 e 1980 foi um conturbado período de reestruturação econômica e de
reajustamento social e político. Era o fim da ordem econômica fordista-keynesiana
e a para a eclosão da globalização[9] e do neoliberalismo[10] no final dos anos 1980, e
sobretudo, 1990.
Emerge
uma série de medidas determinadas pela economia, difundindo-se inicialmente no
Reino Unido e nos EUA, espraiando-se mais tarde para outros países, inclusive
subdesenvolvidos, os quais regiam sua economia através do nacional
desenvolvimentismo[11], principalmente na
América Latina.
Muitas
corporações internacionais de diferentes setores econômicos se instalaram em
território brasileiro e passaram a atuar na fabricação de uma gama variável de
produtos, bem como na oferta de serviços. Este período é marcado também pelo
movimento neoliberal que culminou na privatização de muitas empresas estatais
brasileiras. em se tratando do Brasil, o processo de globalização da economia
se faz sentir exclusivamente no campo. Não se pode negar os avanços
tecnológicos que se tem observado no setor agrícola. Isto pode ser constatado
pela expressiva produção que coloca o país como um dos maiores produtores de
grãos do mundo.
O
regime de acumulação flexível - Aspecto central do processo de globalização
O
esgotamento da produtividade fordista mais as pressões dos sindicatos por
aumento salariais reduziu a acumulação de capitais levando a uma queda nas
taxas de lucro.
Uma
resposta ao sistema fordista[12].
Uma
adaptação do sistema produtivo capitalista às suas novas necessidades.
Uma
nova competição dos novos países industrializados, calcado na alta taxa de
exploração do trabalho.
A
palavra de ordem passou a ser competitividade através de novas relações de
produção nos processos técnicos, informacionais e organizativos, normas e
desregulamentações.
A
produção fordista foi sendo superada pela economia de escopo (nova intenção),
de produção descentralizada.
Toyotismo[13]
- Novo método
organizacional desenvolvido no final dos anos 1950 pelo engenheiro Taiichi
Ohno. Características:
·
sintonia
fina entre a fábrica e os fornecedores de peças, componentes e matérias-primas
– Just in time.
·
racionalizar
o fluxo de peças ou matérias-primas no interior das fábricas - Redução de
estoques.
·
eliminação
de tempos mortos, exige funcionários mais flexíveis aos interesses das empresas
e uma maior qualificação desses profissionais.
·
aumento
da taxa de exploração do trabalhador, é implantado na periferia do capitalismo
e nos países centrais com subcontratação, muitas vezes a margem da economia
formal.
·
reduz
o número de empregados, em razão dos métodos automatizados e robotizados.
·
salários
mais baixos e garantias trabalhistas diminuídas.
·
Zero
defeitos (aperfeiçoamento ininterrupto) - cada equipe é encarregada de todo o
processo produtivo, através dos Círculos de Controle de Qualidade (CCQ), leva a
baixar significativamente os defeitos das peças,
·
deslocamentos
dos trabalhadores para o setor de serviços.
·
surgem
os tigres asiáticos[14].
A procura
de mão de obra barata e de mercados nacionais cedeu lugar às novas necessidades
industriais do capitalismo a partir de 1970. Esta nova maneira de produzir
privilegiou a economia transnacional, multiplicou as trocas entre o mundo da
tecnologia, das indústrias e dos serviços.
Mesmo
com a recuperação da economia mundial nos anos 1990, nenhum país alcançou os
índices de emprego dos anos 1950 e 1960. Motivos:
·
resultado
dos arranjos técnicos organizacionais no processo flexível da produção.
·
competição
das novas tecnologias e dos novos processos produtivos.
·
desemprego
estrutural[15].
·
fragmentação
da fabricação com ênfase na economia de escopo em detrimento da economia de
escala.
·
difusão
geográfica da produção.
·
concorrência
dos trabalhadores marginalizados.
·
flexibilização
das leis trabalhistas, e do enfraquecimento dos sindicatos.
·
avanço
nas comunicações e nos transportes.
·
grandes
corporações ganharam flexibilidade na alocação dos seus investimentos.
·
aceleração
da circulação e a acumulação capitalista.
·
o
capital se torna mais globalizado que o trabalho, pois se instala onde este é
mais barato.
·
mão
de obra barata não é mais vantagem competitiva, é necessário um mínimo de
educação formal.
·
baixa
qualificação gera baixa possibilidade de mobilidade (migração), já os de
elevada qualificação encontram políticas de portas abertas, onde existe maior
demanda.
O papel do Estado
Base essencial da globalização:
·
seus
condutores necessitam de um Estado flexível a seus interesses.
·
território
se adapte a privatizações e a instalação desses capitais.
·
Estado
não se ausente ou se torna menor, na verdade ele se omite ao interesse da
população e se torna forte, ágil e presente a economia dominante, política essa
que acaba levando seus países a crises econômicas e desagregação social.
O
Enfraquecimento do Estado-nação e o aumento da assimetria de poder
Os Estados
são os atores mais importantes no processo de globalização, porque o mundo é
organizado por um sistema interestatal?
A globalização tem provocado o enfraquecimento
(usurpado poder e autoridade) dos Estados diante dos organismos
intergovernamentais, o Banco Mundial, o FMI, a OMC, as grandes empresas e os
blocos econômicos?
A
difusão do discurso neoliberal:
·
prega
o fim do Estado como regulador da economia, como investidor nas questões
sociais.
·
atenta
contra a própria ideia de democracia ao propor, uma democracia de mercado,
quando se sabe que o mercado, por definição, não é democrático.
O
mercado precisa de um mínimo de estabilidade econômica que só pode ser
fornecida pelo Estado, pois este gerencia questões econômicas, sociais e
culturais e que precisa investir em ciência e tecnologia. Sem regulamentação
governamental adequada, o mercado não funciona bem.
É
evidente a assimetria de poder entre os Estados no sistema internacional, nos
planos econômico, científico-tecnológico, geopolítico militar e cultural. Estados
desenvolvidos têm maior capacidade para fazer valer seus pontos de vista. Os
Estados em desenvolvimento ou subdesenvolvidos estão subordinados ao poderio
estadunidense ou de outras potências, seja por consentimento e colaboração, ou
através de ameaças econômicas, pois tem suas economias mais suscetíveis aos
impulsos imprimidos pelas multinacionais e pelo capital financeiro.
Aos
Estados subdesenvolvidos, ainda resta uma margem de manobra para regulá-la ou,
pelo menos, minimizar seus efeitos negativos:
·
nas
diferenças de custos entre as localizações.
·
na
qualidade de infraestrutura (objetos técnicos).
·
na
facilidade de fazer negócios.
·
no
investimento em recursos humanos.
·
na
qualidade das instituições públicas que regulamente condições para que o
mercado funcione.
·
não
é apenas ter abundância em recursos naturais
Hoje,
a progressiva interdependência planetária gera um sistema único? Globalização e
revolução tecnológica projetam para o futuro a possibilidade de uma sociedade
planetária unificada?
R: A
globalização é um processo desigual, não são todas as pessoas e nem todos os
lugares que fazem parte do espaço de fluxos.
Há
uma aproximação entre alguns lugares mais do que entre outros e, não para todas
as pessoas que os habitam.
Há
uma desigual disponibilidade de objetos técnicos no espaço geográfico e o desigual
acesso a eles para as pessoas.
O
fluxo financeiro circula mais rápido, é o que mais cresce.
O
fluxo de investimentos produtivos com os avanços tecnológicos ganhou em
mobilidade para rastrear os mercados mais interessantes do mundo.
O
fluxo de mercadorias, apesar de ter crescido se depara com um problema incontornável
por se tratar de transporte de matéria: é por si só mais lento do que os
impulsos elétricos que caracterizam o fluxo de informações e de dinheiro
eletrônico.
A
utilização de novas tecnologias tem causado inúmeras alterações no mundo do
trabalho. Essas mudanças são observadas em um modelo de produção caracterizado
pela participação ativa das empresas e dos próprios trabalhadores no processo
de qualificação laboral.
A
Divisão Internacional do Trabalho na Globalização
A
divisão internacional do trabalho[16] não mais leva em conta as
fronteiras dos países e está disposta em quatro posições diferentes na economia
informacional/global:
·
produtores
de alto valor com base no trabalho informacional;
·
produtores
de grande volume baseado no trabalho de baixo custo;
·
produtores
de matérias-primas que se baseiam em recursos naturais;
·
produtores
redundantes, reduzidos ao trabalho desvalorizado.
Neste
cenário aumenta a responsabilidade do Estado na equalização das possibilidades
dos vários lugares de seu território para atraírem investimentos.
O
poder de barganha e mobilidade geográfica das empresas frente aos Estados tem
aumentado.
Competitividade
na globalização:
É
preciso que um país baixe custos e reduza as barreiras para circulação de
capitais e mercadorias, o que implica:
·
redução
dos direitos sociais.
·
das
garantias da legislação trabalhistas.
·
enfim
o papel do Estado na economia e na sociedade.
Essas
medidas eram urgentes para as empresas dos EUA, pois estavam perdendo mercados
para as empresas europeias e japonesas. Logo, buscavam a redução de custos de
produção em seu mercado interno que gradativamente passava a ser protegido por
barreiras não tarifárias[17].
É
nesse contexto que os EUA através do Consenso de Washington[18] propagam um discurso neoliberal
(abertura da economia), que evidentemente não praticam. Uma medida de cunho
liberal, como privatizações, redução do papel do Estado na economia, abertura
do mercado para importações. Os efeitos das políticas estabelecidas
beneficiaram alguns à custa de muitos, os ricos à custa dos pobres, estes não
viram outro caminho a seguir, caso contrário o país ficaria marginalizado no
cenário internacional, onde interesses e valores comerciais têm substituído a
preocupação com o ambiente, a democracia, os direitos humanos e a justiça
social.
Ver
a globalização apenas pelo prisma da economia é um enfoque extremamente
reducionista. Ela deve ser analisada em suas dimensões socioeconômica,
tecnológica, ambiental, cultural e política. Características da Globalização:
·
processo
hegemônico dos EUA.
·
baixa
homogeneização dos lugares a partir da uniformização dos processos produtivos,
do consumo, dos hábitos, etc.
·
a
expansão das corporações para além de seus países de origem fazem com que os
mercados se tornem planetários.
·
os
progressos técnicos mudam a nossa relação com as distâncias geográficas (trem
bala, barateamento das passagens aéreas, fibras óticas transoceânicas,
internet, TV a cabo).
·
evento
de grande complexidade, pois há uma multiplicidade de sentidos.
·
a
particularidade permanece como campo das contradições, a globalização vista do
centro não é a mesma se olhada da periferia.
·
aprofundamento
da internacionalização capitalista, processo esse que para alguns se iniciou no
final do século XV.
·
o
avanço das técnicas que se materializam no espaço geográfico.
(V) A especialização
dos países na produção de determinadas mercadorias destinadas ao mercado
internacional é denominada Divisão Internacional do Trabalho.
(V) Até a década de
1950 os países mais avançados importavam produtos primários e exportavam
produtos manufaturados e capital.
(V) Atualmente, países
de industrialização recente (Brasil, México, China, Coreia) não são mais apenas
exportadores de produtos primários, mas incluem produtos manufaturados em suas
exportações. Estes países dependem da importação de equipamentos e da
tecnologia sofisticada (de ponta), na eletrônica, na química fina e na
biotecnologia.
(V) Como era a Divisão
Internacional do Trabalho entre metrópole e Colônia? As metrópoles
especializavam-se em indústrias e pesquisa tecnológica e as colônias ficavam
com a tarefa de produzir alimentos, minérios e outras matérias-prismas.
(V) Depois do período
colonial, a Divisão Internacional do Trabalho passou a ocorrer entre países
desenvolvidos e subdesenvolvidos.
[1]Ideologia é parte
integrante de uma luta; é uma característica criativa e constitutiva da vida
social que é sustentada e reproduzida, contestada e transformada, através de
ações e interações, as quais incluem a troca continua de formas simbólicas. É o
processo de produção de significados, signos e valores na vida social. Ideias
que ajudam a legitimar um poder político dominante.
[2] Oligopólio é tipo de estrutura de
mercado, nas economias capitalistas, em que poucas empresas detêm o controle da
maior parcela do mercado. Há três tipos: 1. Cartel – grupo de empresas
independentes que formalizam um acordo para sua atuação coordenada, na busca de
interesses comuns e que normalmente produzem artigos semelhantes. 2. Truste –
tipo de estrutura empresarial na qual varias empresas, já detendo a maior parte
de um mercado, fundem-separa assegurar esse controle, estabelecendo preços que
lhe garantem elevadas margem de lucro. 3. Holding – designação de empresas que
mantêm o controle sobre outras empresas, de um mesmo ou variado
setores,mediante a posse majoritária de ações destas. Não produz nenhuma
mercadoria ou serviço, destina-se apenas a centralizar e realizar o trabalho de
controle sobre um conjunto de empresas subsidiárias.
[3] A
Grande Depressão, também conhecida como Crise de 1929, foi uma grande depressão econômica que teve início
em 1929, e que persistiu ao
longo da década de 1930, terminando apenas com a Segunda Guerra Mundial. A
Grande Depressão é considerada o pior e o mais longo período de recessão
econômica do século XX.
[4] Essa
teoria busca compreender o que sustentou a contínua expansão capitalista durante
a crise dos anos 1930 e nas três décadas posteriores a Segunda Guerra. Defende que o capitalismo passou por
diferentes regimes de acumulação ao longo de sua história e que, coerente com
determinado regime, deveria coexistir um determinado modo de regulação. Defendia, dentro dos parâmetros do mercado livre
capitalista, a necessidade de uma forte intervenção econômica do Estado com o
objetivo principal de garantir o pleno emprego e manter o controle da inflação.
[5] Processo
que leva ao aumento da produção interna de um país e a diminuição das suas
importações .
[6] Firmaram-se acordos
para regulamentar o comportamento financeiro internacional, buscando a
liberdade de pagamentos e de intercâmbios comerciais. Para isso, organizou-se
um conjunto de regulamentações e de restrições no comportamento das taxas de
câmbio dos países membros do FMI. Consagrou e institucionalizou a hegemonia do
dólar em lugar do ouro (35 dólares a uma onça de ouro (uma onça equivale
a 28,349523125 gramas), por esse sistema os EUA estava obrigado, a princípio, a
reembolsar, em ouro, todo banco central estrangeiro signatário do acordo, pelos
dólares em mãos desses bancos
[7] Fundo para gerir um grupo de moedas
dos Estados-membros. Como credor emprestaria moedas correntes a esses Estados
para ajudá-los a financiar seus déficits.
[8] Um aprofundamento da Doutrina Truman, conhecido oficialmente
como Programa de Recuperação Europeia, foi o principal plano dos Estados Unidos para a
reconstrução dos países aliados da Europa nos anos seguintes à Segunda Guerra
Mundial.
[9]
A
globalização é resultado de dois movimentos conjuntos, estreitamente
interligados, mas distintos. O primeiro pode ser caracterizado como a mais
longa fase de acumulação ininterrupta do capital, desde 1914, o segundo diz
respeito a políticas de liberalização, de privatização, de desregulamentação e
desmantelamento de políticas sociais e democráticas.
[10] Doutrina política econômica que
representa a tentativa de adaptar os princípios do liberalismo econômico as
condições do capitalismo moderno. Também vem sendo aplicado a livre atuação das
forças de mercado e o término do intervencionismo do Estado, a privatização das
empresas estatais e uma integração mais intensa do mercado mundial.
[11]
Política
econômica baseada na meta de crescimento da
produção industrial e da infraestrutura, com participação ativa do estado, como
base da economia e o consequente aumento do consumo.
[12] Consiste em um conjunto de métodos de
racionalização da produção baseado no princípio de que uma empresa deve
dedicar-se apenas a produzir um tipo de produto (produção em série), em grande
quantidade. Para isso a empresa deveria dominar toda a cadeia produtiva, desde
as fontes de matéria prima até o transporte de seus produtos.
[13] Introduzido em
indústrias de alta tecnologia, portanto, no topo da organização capitalista,
onde se encontram os mais bem remunerados e os que tem as maiores garantias
trabalhistas.
[14] Denominação
utilizada para qualificar um grupo de países da Ásia, que apresentaram
significativo desenvolvimento econômico à partir da década de 1970
[15] ocorre
quando o número de desempregados é superior ao número de colaboradores que o
mercado quer contratar e esse excesso de oferta de trabalhadores não é
temporário.
[16] É a especialização
dos países na produção de determinada mercadoria destinada ao mercado
internacional. Até a década de 1950, os países mais avançados importavam
produtos primários e exportavam produtos manufaturados e capital. Nas últimas
décadas, em função do desenvolvimento econômico de alguns países, houve
mudanças, provocadas principalmente pelas multinacionais (para a ONU empresas
transnacionais) que, espalhadas pelo mundo, multiplicaram as áreas de produção
de industrializados e provocaram a aceleração da internacionalização da
produção.
[17] As barreiras
não-tarifárias (BNTs) são os mecanismos e instrumentos de política econômica
que têm influência nas operações de comércio internacional sem fazer uso de
mecanismos tarifários. Essas barreiras têm como fundamentos: requisitos
técnicos, sanitários, ambientais, laborais, restrições quantitativas como
quotas.
[18] Denominação dada a um conjunto de
trabalhos e resultados da reunião de economistas do FMI, do Bird e do Tesouro
dos EUA de onde surgiram recomendações dos países desenvolvidos para que os
demais países, principalmente aqueles em desenvolvimento, adotassem políticas
ditas neoliberais para a retomadado crescimento econômico e para o equilíbrio
das contas públicas.
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