quarta-feira, 21 de março de 2018

9 ANO_Espaço Geográfico e Globalização


Relações entre Espaço Geográfico e Globalização
Proposta: compreender os mecanismos e o funcionamento desta “nova” realidade geopolítica e geoeconômica e os seus impactos sobre a produção e a distribuição da riqueza mundial.
Analisar a globalização e a multiplicação das relações sociais, econômicas e políticas e suas manifestações nas diferentes escalas geográficas (local/regional/nacional/global) através do comércio, do transporte, das indústrias, das culturas, das políticas e dos conflitos.
Espaço geográfico: construção humana sobre uma superfície natural transformada, dispostas para possibilitar a constante interação dos homens entre si, logo é parte integrante da sociedade.
(F) a divisão do espaço geográfico de nossos dias se baseia na produção para o lucro (espaço capitalista) e na produção para o suprimento da sociedade (espaço socialista).
(F) o espaço geográfico e fruto de processos naturais, aos quais a humanidade tem-se adaptado ao longo de sua existência.
(V) o trabalho social confere ao espaço geográfico um caráter essencialmente dinâmico.
(F) os geógrafos não contribuem de forma alguma para a construção do espaço geográfico.
(F) o trabalho realizado pelos homens é mais importante que aquele feito pelas mulheres na produção do espaço geográfico.
(F) as formas criadas no momento histórico atual ainda não constituem o espaço geográfico.
(F) a humanidade não provoca problema ambiental, ao realizar o seu trabalho diário, contribuindo para um desenvolvimento harmônico do espaço geográfico.
(V) ao observar as cidades é mais fácil verificarmos como estão organizadas socialmente ou como se distribui a renda entre seus habitantes, tornando visíveis na paisagem as diferenças entre as classes sociais.
(F) temos, por exemplo, as intervenções humanas no espaço natural, a fim de apropriar-se dos recursos naturais para que toda a sociedade possa usufruir coletivamente.
(F) temos, por exemplo, o atual modelo de desenvolvimento econômico que procura ampliar a participação de organizações civis como as ONG`s nas decisões políticas econômicas.
(F) o espaço urbano é o melhor exemplo, pois este representa a construção de uma paisagem onde todos os indivíduos tiveram acesso à propriedade privada e usufruem de serviços públicos, ao contrário do que ocorre no espaço natural.
(F) o exercício da cidadania em organizações civis como as ONG`s procura substituir o Estado na organização social e assim distribuir melhor o poder político entre os indivíduos.

Nação: povo ou sociedade com traços culturais comuns. Possuem sentimento de identidade. Não necessariamente possuem um território próprio e são regidos por um Estado.
·         Povo sem Estado ou que reivindica um Estado próprio: Os tibetanos na China, a questão da Catalunha na Espanha, a população de origem francesa em Quebec no Canadá, os curdos no Oriente Médio.
Estado: conjunto das instituições que formam a organização político-administrativa de um povo ou uma nação. É constituído de um governo, de um povo/nação e tem como base um território.
Território: “A partir do momento em que uma sociedade se organiza para defender um território, transforma-se em Estado” Ratzel (1844 – 1904). É o recorte do espaço geográfico sob o controle de um poder instituído – o Estado.
O Estado é o grande produtor do espaço geográfico na sociedade moderna?
Globalização
Aceleração do tempo: característica chave do processo da globalização.
Metáforas: aldeia global, mundo único, nova ordem mundial ou nova desordem mundial, mundo neocolonial, mundo sem fronteiras, a era da informação, meio técnico científico informacional, atual fase da expansão capitalista, capitalismo informacional, o ápice do processo de internacionalização do mundo capitalista e ocidentalização do mundo. Portanto termo ambíguo e cheio de conatações, sujeito a manipulações ideológicas[1].
Globalização - processo histórico. Surge com as Grandes Navegações, iniciou da economia capitalista e seus aparatos técnicos formando uma economia mundo.
Possibilitou certos países a atuarem em escala global, expandindo sua força econômica, através da acumulação primitiva, dos contatos e das trocas, (acesso a novos bens e outras culturas).
Alguns autores vão dizer que o capitalismo não passou por nenhuma transformação que justifique a utilização de um conceito novo para substituir as velhas noções de internacionalização do capital e do imperialismo, identificam nas técnicas de informação o mecanismo criador de desigualdades, pois são utilizadas por um grupo de atores em função de seus objetivos particulares. Assim, a periferia do sistema capitalista acaba se tornando ainda mais periférica.
Porém, o imperialismo/século XIX - período de expansão do capitalismo financeiro ficou marcado pela necessidade de intervenção militar e de ocupação territorial.
Período atual - a subjugação (dominação) se estabelece pelo domínio da ciência e da técnica, da informação, do conhecimento e do capital. Os objetos técnicos funcionam de forma sistêmica (formam sistemas técnicos que abarcam o planeta inteiro, formando redes).
Se acelerou muito no pós Segunda Guerra, permitindo a crescente aceleração de fluxos e aproximação entre os lugares provocando mudanças econômicas, sociais, culturais, políticas, mudando a percepção das pessoas e empresas em relação ao espaço geográfico local e mundial.
Ideologia da globalização: um embate comunicacional, uma tentativa de atribuição de sentido na disputa de poder pelo controle dos aparatos técnicos que se dá entre:
·         setores das sociedades em redes.
·         entre Estados, com a liderança dos Estados Unidos.
·         e entre empresas, sobretudo, as grandes corporações.
A globalização foi produzida, sobretudo, nos Estados dos países desenvolvidos, particularmente dentro de órgãos ligados ao governo dos EUA, e nos organismos multilaterais tais como o Banco Mundial, o FMI e a OMC. Essas instituições são controladas não só pelos países industrializados mais ricos do mundo, mas também pelos interesses comerciais e financeiros desses países caracterizado pelo oligopólio[2] dos trustes (fusão de empresas) e cartéis (acordo comercial para controle de preços e produção) das transnacionais.

Situação histórica do século XX que levou a esse estágio capitalista – A Globalização
Primeira metade do século XX:
·         conflitos entre os Estados Imperialistas.
·         grave depressão capitalista ao longo dos anos 1930[3].
·         o capitalismo continuou se expandindo, em ritmo lento e desigual.
·         1945 a América é Imperial, contribui com potências arrasadas pela guerra.
Segunda metade do século XX:
·         pós Segunda Guerra, caracterizado pela Guerra Fria, o capitalismo se consolida através dos grandes conglomerados multinacionais, responsáveis pela mundialização da produção, sob a hegemonia dos EUA. 
A Estrutura Industrial
O regime de acumulação fordista - Regulado pelo keynesianismo

Até a Primeira Guerra vigorou um regime de acumulação extensivo, assentado na expansão das indústrias de bens de produção (bens intermediários, que servem para a produção de outros, como matérias-primas), no qual a demanda para bens de consumo (os que atendem diretamente à demanda a médio ou longo prazo) crescia muito lentamente.
Henry Ford pôs em prática as teorizações de Frederick Taylor sobre a organização científica do trabalho e do controle dos tempos de sua execução, uma nova revolução estava por acontecer.
O fordismo se espraiou pela indústria estadunidense, sua produtividade superou a indústria europeia e japonesa, gerando uma demanda para os bens de consumo provocando uma inadequação entre o regime de acumulação fordista que estava nascendo e o modo de regulação concorrencial que já estava ultrapassado.
A expansão rápida da produção em relação à demanda gerou uma crise de superprodução, esta é uma das explicações para a crise de 1929. Crise que acabou levando ao poder, em mais de um Estado, líderes nacionalistas radicais (nazifascismo), trazendo consigo numerosos países em transformação e uma série de premissas básicas em matéria de política interior.
Dentro deste contexto de produção, tornou-se consenso entre governos e empresários dos países industrializados, a começar pelos Estados Unidos, a adoção de políticas econômicas keynesianas[4]. Trata-se de novas práticas na relação Estado – capital – trabalho.
·         Estado beneficiado com maiores receitas passou a ter papel fundamental.
·         trabalho alienado - recompensa salarial.
·         consumo e aumento do padrão de vida.
·         desemprego quase residual.
·         ampliação de mercados e para o capitalismo maiores lucros,
·         afugentou o espectro do comunismo.
A Grande depressão (1929 – 37) convencionou tanto para os políticos, como para a população que o emprego e o bem estar social (welfare state – consolidado na Europa Oc. e no Japão, nos EUA mais limitado devido à hegemonia do pensamento liberal na sociedade estadunidense) eram o principal objetivo de um governo, uma questão demasiada importante para deixar nas mãos do mercado privado.
Nesta época o avanço industrial nos países da América Latina, entre eles o Brasil se caracterizou predominantemente pela substituição da importação[5] de bens de consumo.
Para viabilizar o regime de acumulação fordista nascente, calcado num aumento constante da produtividade e da produção, era fundamental resolver a questão da demanda e criar um novo compromisso social para viabilizar a expansão capitalista sem o risco de uma nova crise.
Assim o Keynesianismo vai se firmando como o novo modo de regulação:
·         crescentes ganhos de produtividade dentro da indústria, graças às técnicas e métodos de produção.
·         constante aumento salarial.
·         incorporação das massas trabalhadoras ao consumo.

O regulacionismo fordista-keynesiano criou condições para o crescimento contínuo do capitalismo no pós-Segunda Guerra, período que muitos denominam “os trinta anos gloriosos”, época em que ocorreram os maiores avanços das conquistas sociais e trabalhistas nos países industriais. Período de maior poder e organização dos sindicatos, o capitalismo quase atingiu a utopia do pleno emprego. Importante destacar - os privilegiados do sistema eram homens brancos, moradores dos países desenvolvidos. Foi um período marcado por manifestações e descontentamentos.
A Conferência Financeira de Bretton Woods[6] (1944)

Criou o arcabouço institucional necessário para garantir a estabilidade econômica mundial, veiculado por instituições internacionais como FMI[7] (1945), o Banco Mundial, o BIRD (Banco Internacional para reconstrução e desenvolvimento), a criação da ONU, do Plano Marshall[8] para a reconstrução da Europa e do plano MacArthur para a reconstrução japonesa e da Doutrina Truman para conter o expansionismo soviético, tanto no plano econômico, como no plano militar.
Os órgãos criados nesta conferencia não tinham e não tem autoridade para julgar e prender autoridades que cometam crimes financeiros.
Esses planos estadunidenses evidenciavam:
·         a interdependência da economia mundial.
·         a competição entre as multinacionais estadunidenses, japonesas e europeias.
·         um vigoroso motor do crescimento capitalista e do avanço tecnológico ocorrido no período.
Assim o processo de industrialização tardia verificado após a Segunda Guerra Mundial promoveu uma articulação produtiva entre núcleos de países centrais e de países pobres.

Período de Crise
A partir de 1967, começaram a se evidenciar sinais indicativos de uma crise que afetaria o dinamismo do processo de produção e acumulação do pós-guerra.
Em meados dos anos 1970 o esgotamento do sistema produtivo fordista-keynesiano (forte intervenção do Estado na economia e a existência de uma densa rede de proteção social aos trabalhadores – welfare state), entrou em crise, sobretudo, pelas dificuldades de se manter um aumento constante da produtividade, as economias dos países desenvolvidos entraram em crise (estrutural do capitalismo) e passaram a adotar políticas de contenção da inflação com o intuito de superar as contradições deste regime.
Problemas estruturais da economia estadunidense e de outros países desenvolvidos:
·         perda de competitividade.
·         elevação das taxas de desemprego.
·         elevação do déficit público e da dívida interna.
·         da desvalorização do dólar e da produção industrial.
·         da alta da inflação e do enfraquecimento relativo frente à Europa Ocidental e ao Japão.
·         a alta do preço da fonte principal de energia, o petróleo, um agravante no processo inflacionário.
Décadas de 1970 e 1980 foi um conturbado período de reestruturação econômica e de reajustamento social e político. Era o fim da ordem econômica fordista-keynesiana e a para a eclosão da globalização[9] e do neoliberalismo[10] no final dos anos 1980, e sobretudo, 1990.
Emerge uma série de medidas determinadas pela economia, difundindo-se inicialmente no Reino Unido e nos EUA, espraiando-se mais tarde para outros países, inclusive subdesenvolvidos, os quais regiam sua economia através do nacional desenvolvimentismo[11], principalmente na América Latina.
Muitas corporações internacionais de diferentes setores econômicos se instalaram em território brasileiro e passaram a atuar na fabricação de uma gama variável de produtos, bem como na oferta de serviços. Este período é marcado também pelo movimento neoliberal que culminou na privatização de muitas empresas estatais brasileiras. em se tratando do Brasil, o processo de globalização da economia se faz sentir exclusivamente no campo. Não se pode negar os avanços tecnológicos que se tem observado no setor agrícola. Isto pode ser constatado pela expressiva produção que coloca o país como um dos maiores produtores de grãos do mundo.
O regime de acumulação flexível - Aspecto central do processo de globalização
O esgotamento da produtividade fordista mais as pressões dos sindicatos por aumento salariais reduziu a acumulação de capitais levando a uma queda nas taxas de lucro.
Uma resposta ao sistema fordista[12].
Uma adaptação do sistema produtivo capitalista às suas novas necessidades.
Uma nova competição dos novos países industrializados, calcado na alta taxa de exploração do trabalho.
A palavra de ordem passou a ser competitividade através de novas relações de produção nos processos técnicos, informacionais e organizativos, normas e desregulamentações.
A produção fordista foi sendo superada pela economia de escopo (nova intenção), de produção descentralizada.
Toyotismo[13] - Novo método organizacional desenvolvido no final dos anos 1950 pelo engenheiro Taiichi Ohno. Características:
·         sintonia fina entre a fábrica e os fornecedores de peças, componentes e matérias-primas – Just in time.
·         racionalizar o fluxo de peças ou matérias-primas no interior das fábricas - Redução de estoques.
·         eliminação de tempos mortos, exige funcionários mais flexíveis aos interesses das empresas e uma maior qualificação desses profissionais.
·         aumento da taxa de exploração do trabalhador, é implantado na periferia do capitalismo e nos países centrais com subcontratação, muitas vezes a margem da economia formal.
·         reduz o número de empregados, em razão dos métodos automatizados e robotizados.
·         salários mais baixos e garantias trabalhistas diminuídas.
·         Zero defeitos (aperfeiçoamento ininterrupto) - cada equipe é encarregada de todo o processo produtivo, através dos Círculos de Controle de Qualidade (CCQ), leva a baixar significativamente os defeitos das peças,
·         deslocamentos dos trabalhadores para o setor de serviços.
·         surgem os tigres asiáticos[14].
A procura de mão de obra barata e de mercados nacionais cedeu lugar às novas necessidades industriais do capitalismo a partir de 1970. Esta nova maneira de produzir privilegiou a economia transnacional, multiplicou as trocas entre o mundo da tecnologia, das indústrias e dos serviços.
Mesmo com a recuperação da economia mundial nos anos 1990, nenhum país alcançou os índices de emprego dos anos 1950 e 1960. Motivos:
·         resultado dos arranjos técnicos organizacionais no processo flexível da produção.
·         competição das novas tecnologias e dos novos processos produtivos.
·         desemprego estrutural[15].
·         fragmentação da fabricação com ênfase na economia de escopo em detrimento da economia de escala.
·         difusão geográfica da produção.
·         concorrência dos trabalhadores marginalizados.
·         flexibilização das leis trabalhistas, e do enfraquecimento dos sindicatos.
·         avanço nas comunicações e nos transportes.
·         grandes corporações ganharam flexibilidade na alocação dos seus investimentos.
·         aceleração da circulação e a acumulação capitalista.
·         o capital se torna mais globalizado que o trabalho, pois se instala onde este é mais barato.
·         mão de obra barata não é mais vantagem competitiva, é necessário um mínimo de educação formal.
·         baixa qualificação gera baixa possibilidade de mobilidade (migração), já os de elevada qualificação encontram políticas de portas abertas, onde existe maior demanda.
O papel do Estado
Base essencial da globalização:
·         seus condutores necessitam de um Estado flexível a seus interesses.
·         território se adapte a privatizações e a instalação desses capitais.
·         Estado não se ausente ou se torna menor, na verdade ele se omite ao interesse da população e se torna forte, ágil e presente a economia dominante, política essa que acaba levando seus países a crises econômicas e desagregação social.
O Enfraquecimento do Estado-nação e o aumento da assimetria de poder
Os Estados são os atores mais importantes no processo de globalização, porque o mundo é organizado por um sistema interestatal?
 A globalização tem provocado o enfraquecimento (usurpado poder e autoridade) dos Estados diante dos organismos intergovernamentais, o Banco Mundial, o FMI, a OMC, as grandes empresas e os blocos econômicos?
A difusão do discurso neoliberal:
·         prega o fim do Estado como regulador da economia, como investidor nas questões sociais.
·         atenta contra a própria ideia de democracia ao propor, uma democracia de mercado, quando se sabe que o mercado, por definição, não é democrático.

O mercado precisa de um mínimo de estabilidade econômica que só pode ser fornecida pelo Estado, pois este gerencia questões econômicas, sociais e culturais e que precisa investir em ciência e tecnologia. Sem regulamentação governamental adequada, o mercado não funciona bem.
É evidente a assimetria de poder entre os Estados no sistema internacional, nos planos econômico, científico-tecnológico, geopolítico militar e cultural. Estados desenvolvidos têm maior capacidade para fazer valer seus pontos de vista. Os Estados em desenvolvimento ou subdesenvolvidos estão subordinados ao poderio estadunidense ou de outras potências, seja por consentimento e colaboração, ou através de ameaças econômicas, pois tem suas economias mais suscetíveis aos impulsos imprimidos pelas multinacionais e pelo capital financeiro.
Aos Estados subdesenvolvidos, ainda resta uma margem de manobra para regulá-la ou, pelo menos, minimizar seus efeitos negativos:
·         nas diferenças de custos entre as localizações.
·         na qualidade de infraestrutura (objetos técnicos).
·         na facilidade de fazer negócios.
·         no investimento em recursos humanos.
·         na qualidade das instituições públicas que regulamente condições para que o mercado funcione.
·         não é apenas ter abundância em recursos naturais
Hoje, a progressiva interdependência planetária gera um sistema único? Globalização e revolução tecnológica projetam para o futuro a possibilidade de uma sociedade planetária unificada?
R: A globalização é um processo desigual, não são todas as pessoas e nem todos os lugares que fazem parte do espaço de fluxos.
Há uma aproximação entre alguns lugares mais do que entre outros e, não para todas as pessoas que os habitam.
Há uma desigual disponibilidade de objetos técnicos no espaço geográfico e o desigual acesso a eles para as pessoas.
O fluxo financeiro circula mais rápido, é o que mais cresce.
O fluxo de investimentos produtivos com os avanços tecnológicos ganhou em mobilidade para rastrear os mercados mais interessantes do mundo.
O fluxo de mercadorias, apesar de ter crescido se depara com um problema incontornável por se tratar de transporte de matéria: é por si só mais lento do que os impulsos elétricos que caracterizam o fluxo de informações e de dinheiro eletrônico.
A utilização de novas tecnologias tem causado inúmeras alterações no mundo do trabalho. Essas mudanças são observadas em um modelo de produção caracterizado pela participação ativa das empresas e dos próprios trabalhadores no processo de qualificação laboral.
A Divisão Internacional do Trabalho na Globalização
A divisão internacional do trabalho[16] não mais leva em conta as fronteiras dos países e está disposta em quatro posições diferentes na economia informacional/global:
·         produtores de alto valor com base no trabalho informacional;
·         produtores de grande volume baseado no trabalho de baixo custo;
·         produtores de matérias-primas que se baseiam em recursos naturais;
·         produtores redundantes, reduzidos ao trabalho desvalorizado.
Neste cenário aumenta a responsabilidade do Estado na equalização das possibilidades dos vários lugares de seu território para atraírem investimentos.
O poder de barganha e mobilidade geográfica das empresas frente aos Estados tem aumentado.
Competitividade na globalização:
É preciso que um país baixe custos e reduza as barreiras para circulação de capitais e mercadorias, o que implica:
·         redução dos direitos sociais.
·         das garantias da legislação trabalhistas.
·         enfim o papel do Estado na economia e na sociedade.
Essas medidas eram urgentes para as empresas dos EUA, pois estavam perdendo mercados para as empresas europeias e japonesas. Logo, buscavam a redução de custos de produção em seu mercado interno que gradativamente passava a ser protegido por barreiras não tarifárias[17].
É nesse contexto que os EUA através do Consenso de Washington[18] propagam um discurso neoliberal (abertura da economia), que evidentemente não praticam. Uma medida de cunho liberal, como privatizações, redução do papel do Estado na economia, abertura do mercado para importações. Os efeitos das políticas estabelecidas beneficiaram alguns à custa de muitos, os ricos à custa dos pobres, estes não viram outro caminho a seguir, caso contrário o país ficaria marginalizado no cenário internacional, onde interesses e valores comerciais têm substituído a preocupação com o ambiente, a democracia, os direitos humanos e a justiça social.
Ver a globalização apenas pelo prisma da economia é um enfoque extremamente reducionista. Ela deve ser analisada em suas dimensões socioeconômica, tecnológica, ambiental, cultural e política. Características da Globalização:
·         processo hegemônico dos EUA.
·         baixa homogeneização dos lugares a partir da uniformização dos processos produtivos, do consumo, dos hábitos, etc.
·         a expansão das corporações para além de seus países de origem fazem com que os mercados se tornem planetários.
·         os progressos técnicos mudam a nossa relação com as distâncias geográficas (trem bala, barateamento das passagens aéreas, fibras óticas transoceânicas, internet, TV a cabo).
·         evento de grande complexidade, pois há uma multiplicidade de sentidos.
·         a particularidade permanece como campo das contradições, a globalização vista do centro não é a mesma se olhada da periferia.
·         aprofundamento da internacionalização capitalista, processo esse que para alguns se iniciou no final do século XV.
·         o avanço das técnicas que se materializam no espaço geográfico.
(V) A especialização dos países na produção de determinadas mercadorias destinadas ao mercado internacional é denominada Divisão Internacional do Trabalho.
(V) Até a década de 1950 os países mais avançados importavam produtos primários e exportavam produtos manufaturados e capital.
(V) Atualmente, países de industrialização recente (Brasil, México, China, Coreia) não são mais apenas exportadores de produtos primários, mas incluem produtos manufaturados em suas exportações. Estes países dependem da importação de equipamentos e da tecnologia sofisticada (de ponta), na eletrônica, na química fina e na biotecnologia.
(V) Como era a Divisão Internacional do Trabalho entre metrópole e Colônia? As metrópoles especializavam-se em indústrias e pesquisa tecnológica e as colônias ficavam com a tarefa de produzir alimentos, minérios e outras matérias-prismas.
(V) Depois do período colonial, a Divisão Internacional do Trabalho passou a ocorrer entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos.



[1]Ideologia é parte integrante de uma luta; é uma característica criativa e constitutiva da vida social que é sustentada e reproduzida, contestada e transformada, através de ações e interações, as quais incluem a troca continua de formas simbólicas. É o processo de produção de significados, signos e valores na vida social. Ideias que ajudam a legitimar um poder político dominante.
[2] Oligopólio é tipo de estrutura de mercado, nas economias capitalistas, em que poucas empresas detêm o controle da maior parcela do mercado. Há três tipos: 1. Cartel – grupo de empresas independentes que formalizam um acordo para sua atuação coordenada, na busca de interesses comuns e que normalmente produzem artigos semelhantes. 2. Truste – tipo de estrutura empresarial na qual varias empresas, já detendo a maior parte de um mercado, fundem-separa assegurar esse controle, estabelecendo preços que lhe garantem elevadas margem de lucro. 3. Holding – designação de empresas que mantêm o controle sobre outras empresas, de um mesmo ou variado setores,mediante a posse majoritária de ações destas. Não produz nenhuma mercadoria ou serviço, destina-se apenas a centralizar e realizar o trabalho de controle sobre um conjunto de empresas subsidiárias.
[3] A Grande Depressão, também conhecida como Crise de 1929, foi uma grande depressão econômica que teve início em 1929, e que persistiu ao longo da década de 1930, terminando apenas com a Segunda Guerra Mundial. A Grande Depressão é considerada o pior e o mais longo período de recessão econômica do século XX.
[4] Essa teoria busca compreender o que sustentou a contínua expansão capitalista durante a crise dos anos 1930 e nas três décadas posteriores a Segunda Guerra.  Defende que o capitalismo passou por diferentes regimes de acumulação ao longo de sua história e que, coerente com determinado regime, deveria coexistir um determinado modo de regulação. Defendia, dentro dos parâmetros do mercado livre capitalista, a necessidade de uma forte intervenção econômica do Estado com o objetivo principal de garantir o pleno emprego e manter o controle da inflação.
[5] Processo que leva ao aumento da produção interna de um país e a diminuição das suas importações .
[6] Firmaram-se acordos para regulamentar o comportamento financeiro internacional, buscando a liberdade de pagamentos e de intercâmbios comerciais. Para isso, organizou-se um conjunto de regulamentações e de restrições no comportamento das taxas de câmbio dos países membros do FMI. Consagrou e institucionalizou a hegemonia do dólar em lugar do ouro (35 dólares a uma onça de ouro (uma onça equivale a 28,349523125 gramas), por esse sistema os EUA estava obrigado, a princípio, a reembolsar, em ouro, todo banco central estrangeiro signatário do acordo, pelos dólares em mãos desses bancos
[7] Fundo para gerir um grupo de moedas dos Estados-membros. Como credor emprestaria moedas correntes a esses Estados para ajudá-los a financiar seus déficits.
[8] Um aprofundamento da Doutrina Truman, conhecido oficialmente como Programa de Recuperação Europeia, foi o principal plano dos Estados Unidos para a reconstrução dos países aliados da Europa nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial.
[9] A globalização é resultado de dois movimentos conjuntos, estreitamente interligados, mas distintos. O primeiro pode ser caracterizado como a mais longa fase de acumulação ininterrupta do capital, desde 1914, o segundo diz respeito a políticas de liberalização, de privatização, de desregulamentação e desmantelamento de políticas sociais e democráticas.
[10] Doutrina política econômica que representa a tentativa de adaptar os princípios do liberalismo econômico as condições do capitalismo moderno. Também vem sendo aplicado a livre atuação das forças de mercado e o término do intervencionismo do Estado, a privatização das empresas estatais e uma integração mais intensa do mercado mundial.
[11] Política econômica baseada na meta de crescimento da produção industrial e da infraestrutura, com participação ativa do estado, como base da economia e o consequente aumento do consumo.
[12] Consiste em um conjunto de métodos de racionalização da produção baseado no princípio de que uma empresa deve dedicar-se apenas a produzir um tipo de produto (produção em série), em grande quantidade. Para isso a empresa deveria dominar toda a cadeia produtiva, desde as fontes de matéria prima até o transporte de seus produtos.
[13] Introduzido em indústrias de alta tecnologia, portanto, no topo da organização capitalista, onde se encontram os mais bem remunerados e os que tem as maiores garantias trabalhistas.
[14] Denominação utilizada para qualificar um grupo de países da Ásia, que apresentaram significativo desenvolvimento econômico à partir da década de 1970
[15] ocorre quando o número de desempregados é superior ao número de colaboradores que o mercado quer contratar e esse excesso de oferta de trabalhadores não é temporário.
[16] É a especialização dos países na produção de determinada mercadoria destinada ao mercado internacional. Até a década de 1950, os países mais avançados importavam produtos primários e exportavam produtos manufaturados e capital. Nas últimas décadas, em função do desenvolvimento econômico de alguns países, houve mudanças, provocadas principalmente pelas multinacionais (para a ONU empresas transnacionais) que, espalhadas pelo mundo, multiplicaram as áreas de produção de industrializados e provocaram a aceleração da internacionalização da produção.
[17] As barreiras não-tarifárias (BNTs) são os mecanismos e instrumentos de política econômica que têm influência nas operações de comércio internacional sem fazer uso de mecanismos tarifários. Essas barreiras têm como fundamentos: requisitos técnicos, sanitários, ambientais, laborais, restrições quantitativas como quotas.
[18] Denominação dada a um conjunto de trabalhos e resultados da reunião de economistas do FMI, do Bird e do Tesouro dos EUA de onde surgiram recomendações dos países desenvolvidos para que os demais países, principalmente aqueles em desenvolvimento, adotassem políticas ditas neoliberais para a retomadado crescimento econômico e para o equilíbrio das contas públicas.

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