A
Colonização espanhola e a independência da América espanhola
Mundo
colonial hispânico
Ruptura
com a metrópole e a caracterização e crise do Antigo Regime
No
mundo colonial espanhol ocorreu a exploração da mão de obra indígena no
processo de colonização, o qual não se limitou nas áreas de exploração de
minérios, mas estendido a todas as atividades econômicas gerando relações de
trabalho impostas versus resistências
das populações ameríndias. A forma de trabalho imposta nas colônias espanholas
era a Encomienda: sistema de trabalho imposto às populações ameríndias, em
algumas regiões da América espanhola, em que os indígenas trabalhavam para os
colonizadores e recebiam em troca a educação cristã. Nunca existiu um único
modelo de colonização, mas experiências diversas, inclusive na mesma metrópole.
Nas
duas primeiras décadas do século XIX, grande parte dos povos da América se
levantou contra o domínio colonial e criou países independentes.
Situações que influenciaram
essas independências:
·
Crescimento econômico da colônia;
·
Sufoco do monopólio colonial;
·
Ideias de autonomia inspirados no Iluminismo;
·
O exemplo da independência dos EUA;
·
Interesse da burguesia inglesa em abrir novos
mercados (Revolução Industrial);
·
Revolução Francesa;
·
Guerras Napoleônicas chacoalhando a Europa.
Crise
do Antigo Sistema Colonial
Entre
o final do século XVIII e inicio do XIX, as contradições entre a metrópole e a
colônia tinham se tornado insuportável. A economia das colônias espanholas nem
sempre acontecia através de ordens diretas da metrópole. A colônia começava a
funcionar do seu próprio jeito, favorecendo as classes superiores da América –
os Criollos, elite branca nascida na América. Lideraram os processos de
Independência na América espanhola, pois foram influenciados pelas ideias do
Iluminismo e pela Independência dos Estados Unidos da América. Desejavam o fim
das restrições impostas pelo Pacto Colonial, bem como participar da
administração política, já que os principais cargos eram exclusivos aos chapetones, brancos nascidos na Espanha,
os quais foram derrotados.
As
colônias tinham se desenvolvido. A produção econômica, a população, as
comunicações, tudo crescia. Assim ao final do século XVIII, o sistema colonial
estava se tornando um impedimento para novos crescimentos. Os colonos queriam
negociar com outros países e não suportavam mais a carga de tributos cobrados
pela metrópole.
A
Inglaterra detinha o monopólio da economia mundial, tendo “fome” de mercados
consumidores e por isso deram o maior apoio possível através de volumosos
empréstimos e apoio diplomático, já as colônias estavam querendo se “emancipar”
do sistema mercantilista, pois queria comprar diretamente da Inglaterra.
A Revolução Francesa,
modelo clássico de revolução burguesa, foi um movimento social e político que
transformou profundamente a França de 1789
a 1799. Sob o lema "Liberdade, Igualdade e Fraternidade
e", a burguesia revoltou-se contra a monarquia absolutista com o apoio
popular, tomou o poder, pondo fim aos privilégios da nobreza e do clero e
livrando-se das instituições feudais do Antigo Regime.
Em
relação à Revolução Francesa, as elites coloniais viam como um distúrbio social
podendo gerar direitos em excesso, pois não queriam dar tanta liberdade ao povo
como: direito de voto a todos, fim da escravidão dos negros e trabalho servil
dos índios e distribuição de terras.
A
era Napoleônica e as Independências na América Espanhola
Dentro
de um contexto de crise na França, Napoleão Bonaparte surgiu principalmente aos
olhos da burguesia, como a figura capaz de restabelecer a ordem interna no
país. Tomou o poder com um golpe de Estado – o 18 Brumário (1799), abandonando
os princípios iluministas ao concentrar o poder em suas mãos, censurando a
imprensa e suprimindo liberdades individuais e políticas dos franceses. Pôs fim
ao período conturbado da revolução de 1789, oferecendo aos franceses, a
segurança e a estabilidade política, social e financeira, as quais tinham
desaparecido nos anos de revolução, ao apoiar as ideias liberais, incentivando
a prosperidade da burguesia, e mantendo a reforma agrária, as finanças do país
foram recuperadas através do Código Civil Napoleônico, criado em 1804, o qual
serviu para organizar e unificar leis, regulamentar o direito a propriedade,
igualdade de todos perante a lei e confirmar o confisco de terras da nobreza de
origem feudal.
A
reestruturação política e militar e a recuperação financeira da França preocupavam
alguns países europeus. Temendo o expansionismo territorial francês e que os
ideais iluministas se espalhassem por toda a Europa, em 1803, Inglaterra,
Áustria, Prússia e Rússia declararam guerra à França. Para a Inglaterra, a
guerra era uma oportunidade de atingir economicamente a França na disputa por
mercados europeus e ultramarinos. Os laços entre a burguesia inglesa e as
colônias ibéricas tornaram-se cada vez mais fortes. Ficava bastante claro, que
no futuro, o monopólio colonial seria encerrado.
Com
o propósito de arruinar a economia britânica, Napoleão decretou o Bloqueio
Continental, onde os países do continente europeu ficaram proibidos de
comercializar com a Inglaterra, que em resposta passou a dificultar ainda mais
o contato entre os países europeu e suas colônias aumentando seu comércio com a
América, pouco se importando se havia ou não pacto colonial.
No caso
português, esse país desrespeitou o decreto continuando a negociar com a
Inglaterra, sendo invadido pela França em 1807, motivo esse que forçou a
família real portuguesa a fugir para a sua colônia na América.
O
bloqueio continental não deu certo. A Inglaterra montou um sistema de
contrabando que lhe garantia os mercados europeus, além da indústria francesa
ser inferior à inglesa. Outro problema era o domínio imperial francês em plena
Europa. Os países europeus eram muitas vezes tratados como simples colônias,
tendo que fornecer matérias-primas, pagar tributos e comprar manufaturas
francesas, enquanto seus produtos não podiam ser vendidos na Europa. Os
franceses não eram mais vistos como libertadores, mas como opressores.
Em
1808 a França invade a Espanha, Napoleão colocou seu irmão no trono espanhol. As
rebeliões começaram a estourar na Espanha (Junta de Cádiz). Esse Estado se tornou
de forma imposta pelos franceses, aliado da França. Diante desse fato os
espanhóis enfraqueceram e suas colônias na América ficaram abertas aos
ingleses, facilitando o processo de independência.
Em
1810 a Rússia resolveu desrespeitar o bloqueio continental. Em 1812 Bonaparte
invade a Rússia e sai derrotado. Em 1815, Rússia, Áustria, Prússia e Inglaterra
uniram-se novamente derrotaram Napoleão Bonaparte na Batalha de Waterloo, na
Bélgica.
Questionário
1)
Qual grupo social liderava o processo de
independência na América Espanhola? Qual era o propósito dessa classe social?
2)
Por que o sistema colonial ao final do século
XVIII estava atrapalhando o desenvolvimento das colônias?
3)
Explique a posição da Inglaterra no cenário
de independência das colônias espanholas.
4)
A Revolução francesa era bem vista ou mal
vista pelas elites coloniais?
5)
Explique o papel político de Napoleão
Bonaparte para a França e para a Europa.
6)
Quais fatores deixaram claro que o monopólio
comercial seria encerrado nas colônias da América?
7)
Por que os franceses eram vistos como
opressores na Europa?
8)
Explique a relação entre a era napoleônica e
o processo de independência das colônias espanholas na América?
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